Com as exigências do mercado, as empresas estão aderindo ao próprio desenvolvimento de softwares, mas quais seriam essas vantagens, visto que há a possibilidade de terceirização deste serviço?
Usado pela primeira vez na década de 60, em 1969, pela japonesa Hitachi, o termo Fábrica de Software surgiu da ideia de aplicar conceitos da indústria em geral em ambientes de desenvolvimento de softwares. O intuito era aumentar a produtividade e diminuir os prazos, tornando o processo mais independente. Apesar do conceito ter surgido nos anos 60, sua popularização chegou nos anos 90.
Partindo da premissa de produtividade, o processo de criação de uma ferramenta é uma ação complexa que vai além da palavra “fábrica”. A sua concepção concentra a criação de um produto sob medida para cada cliente e utiliza em suas operações indicadores de qualidade em cada etapa do ciclo do desenvolvimento.
Para o diretor da Fábrica de Software da Stefanini, Francisco Silvia, o conceito de fábrica de software abrange mais do que a codificação. Segundo ele, em publicação no www.lyfreitas.com.br/ant/pdf/Fabrica.pdf, o que identifica uma fábrica é um conjunto de processos e métodos bem desenvolvidos, levando a maior maturidade e produtividade e tornando o processo mais independente do fator humano. Francisco conta que a Stefanini divide as fábricas de software em dois tipos: a fábrica pontual e a contínua. “Quando um cliente, como um banco, demanda muito serviço de fábrica de software, nós criamos uma fábrica de software contínua para desenvolver só para esse cliente. Existe um conhecimento maior dos negócios do cliente, e com isso a produtividade para ele acaba aumentando. Já nas fábricas pontuais, nós podemos trabalhar apenas uma vez com uma empresa e não ter nenhum envolvimento com a parte de negócios. Esse tipo de fábrica é mais independente”, explica Francisco.
Empresas
Com as vantagens de se produzir o próprio software, grandes empresas de tecnologia têm apostado em suas próprias fábricas de softwares, no entanto é mais comum o serviço terceirizado.
Para Fabio Correa Xavier, diretor de TI do TCE-SP, o contato direto na concepção de um software traz diversas vantagens fazendo com que várias empresas adotem esse caminho. “Essa tendência é para aumentar a qualidade e controle do trabalho, evitando desperdício de tempo gerado pelo retrabalho, refactoring, ajuste e conserto de códigos malfeitos, diminuindo, inclusive, erros de entendimentos e interpretações dos requisitos.”
Entretanto, o diretor de TI comenta que, para o setor público, a contratação de fábrica de software é mais vantajosa, pois acaba dando mais agilidade no desenvolvimento, bem como a possibilidade da equipe focar na análise e levantamento de requisitos. “Para empresas de tecnologia, acho que a fábrica própria pode ser interessante, pois evita a quarteirização, no caso de serem contratadas como software, o que sofremos aqui em São Paulo com a empresa de tecnologia do estado. Além disso, a empresa de TI pode oferecer serviços de maior qualidade e valor agregado, ganhando em competitividade, especialmente com a possibilidade de contratar melhores profissionais, ao contrário do setor público, em que a contratação é via concurso público o que, muitas vezes, não traz os melhores profissionais”, explica Xavier.
Já para Luiz Carlos Araujo da Silva, coordenador geral de tecnologia da informação do CNPq, os investimentos para se manter uma fábrica própria não fazem muito sentido se isso for confrontado com os riscos da operação e manutenção de pessoal. O coordenador comenta “existe a dificuldade de gerir um tipo de negócio que é estranho a missão ou finalidade da instituição. Logo, torna-se mais viável terceirizar o serviço com requisitos de especificação bem detalhados e com foco na entrega e qualidade dos produtos desenvolvidos.”
Luiz Carlos acredita que a terceirização se torna o melhor caminho. “Com a terceirização focamos as especificações dos serviços prestados, na qualidade do produto, no SLA de atendimento e dessa forma transferisse o risco da operação para a contratada.”
O que não é Fábrica de Software?
Para Ivanir Costa, coordenador de pós-graduação de Gestão de Qualidade de Software do Senac-SP, a confusão na hora de definir o que é ou não é fábrica de software vem de uma estratégia de marketing.
“O termo está na moda. No brasil não há uma separação muito certa do que é ou não é fábrica, qualquer software house que faça algo em TI usa essa nomenclatura. Teoricamente, a fábrica deveria entrar numa parte do projeto, participar nessa parte e entregar para o cliente, sem se preocupar com a integração com os outros sistemas, por exemplo. Mas você vai encontrar no mercado empresas que se denominam fábrica de software e não são exatamente isso”, afirma o coordenador.
Mercado
Hoje com as novas demandas exigidas para o mercado de TI, surgiram outras necessidades de capacitação e aperfeiçoamento para o campo, como a engenharia de software, o refinamento de ambientes de desenvolvimento, como também a tendência de terceirização.
Fontes:
http://www.lyfreitas.com.br/ant/pdf/Fabrica.pdf
https://www.profissionaisti.com.br/2011/10/o-que-e-e-como-funciona-uma-fabrica-de-software/