O avanço da IA é um recurso estratégico com impactos econômicos, políticos, sociais e culturais, o que gera uma corrida internacional pelo domínio da tecnologia. Em artigo, Fernando Filgueiras explica que governos que adotam estratégias nacionais e instrumentos de políticas de IA alcançam melhores resultados na transição tecnológica; e o Brasil, infelizmente, tem uma estratégia de inteligência artificial mal desenhada e corre o risco de ficar para trás no desenvolvimento global
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Inteligência artificial (IA) não é propriamente uma coisa. E por isso não há na literatura especializada sobre o tema uma definição precisa do que vem a ser inteligência artificial. Basicamente, inteligência artificial é compreendida como um campo científico interdisciplinar, que envolve contribuições da ciência da computação, engenharias, psicologia, sociologia, economia, medicina, biologia, física, entre outros campos do conhecimento. Inteligência artificial é um conjunto de tecnologias digitais que emulam a inteligência humana para tomar uma decisão ou realizar uma tarefa de maneira mais eficiente e otimizada do que humanos podem fazer.
De pronto, temos um problema. Como, afinal, definir inteligência? E como definir artefatos que possam usar alguma inteligência? Quando se afirma que estas tecnologias emulam a inteligência humana, imediatamente o conceito de inteligência se torna difícil de operar e vai encontrar uma gama diferente de definições. Inteligência pode conter a ideia de uma racionalidade para a tomada de decisão, que busca a explicação das coisas pela motivação da ação humana. Inteligência também pode conter a ideia de aprendizado, afinal humanos aprendem com as suas ações e buscam padrões para o seu comportamento em sociedade. Inteligência também pode ser capacidade. Em muitas situações humanos constroem abstrações que proporcionam o entendimento do mundo. Enfim, existem diferentes maneiras de conceituar inteligência e não há consenso sobre o que ela significa.
Agora imaginemos que máquinas possam construir e utilizar inteligência. O artificial contido nesses sistemas de inteligência significa que eles são desenhados por humanos para atingir um propósito. Essa é a lição básica defendida por Herbert Simon, laureado com o prêmio Nobel e um dos pais fundadores do campo científico da inteligência artificial.
Imagine uma empresa que quer otimizar suas vendas. O primeiro insumo para esse propósito é conhecer as preferências dos consumidores no mercado. Antes isso demandava pesquisas de mercado caras e com uma restrição temporal específica. Uma inteligência que possa conhecer a partir dos dados o que os consumidores preferem em tempo real é um artefato poderoso para as empresas. Máquinas podem “raspar” dados em redes sociais e conhecer uma gama ampla de preferências de consumo que são expressas em pequenos textos, imagens ou números contidos em transações comerciais. Sistemas de aprendizado de máquina podem aprender a ler esses textos a partir de bases de treinamento que dão a elas o poder de classificar os consumidores a partir do propósito da empresa, fazendo com que ela possa conhecer seus consumidores e tomar a melhor decisão estratégica. Ou essa empresa pode ir mais longe e constituir sistemas que não apenas aprendam quais são as preferências dos consumidores, mas que digam o que eles devem consumir, utilizando perfis que são construídos em redes neurais artificiais que alimentem o marketing.
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